Estudo analisa o impacto da temperatura ambiente nos fenótipos da pressão arterial utilizando MRPA
Artigo teleHA #003
Público: profissionais da área da saúde
Autor: Dr. Elder Gil, Cardiologista coordenador do Projeto teleHA
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
Liderado pelo pesquisador Eduardo Barbosa, da Santa Casa de Porto Alegre, e publicado no European Journal of Preventive Cardiology em dezembro de 2023, o Impact of environmental temperature on blood pressure phenotypes: a nationwide home blood pressure monitoring study, foi um estudo transversal retrospectivo que avaliou 70.949 indivíduos de 460 centros de 22 cidades localizadas nas diversas regiões geográficas do Brasil.
Segue um resumo dos pontos que considero mais relevantes na publicação:
“O diagnóstico e o tratamento da hipertensão geralmente dependem de medições de pressão arterial no consultório, mas as diretrizes atuais encorajaram a avaliação de medições de pressão arterial (PA) fora do consultório usando monitorização residencial da PA (MRPA) ou monitorização ambulatorial da PA (MAPA) como abordagem para avaliar com mais precisão a verdadeira carga da PA. Diferenças entre PA dentro e fora podem impactar o diagnóstico e manejo da hipertensão, resultando em fenótipos de PA com valor prognóstico, como hipertensão do avental branco (HAB) e hipertensão mascarada (HM).
O estudo explorou a ligação entre a temperatura média externa, a diferença de pressão dentro e fora do consultório e os fenótipos da PA em uma grande amostra nacional usando MRPA.
Esta análise, realizada em uma grande amostra nacional no Brasil, revelou que cidades mais quentes e com maior temperatura ambiente estavam ligadas a aumento das taxas de HAB e normotensão, enquanto menor temperatura ambiente em municípios mais frios foram associados a maiores taxas de hipertensão mascarada (HM) e hipertensão sustentada (HS). Esses achados podem ter potenciais implicações clínicas.
Primeiro, eles sugerem que uma maior suspeita de HAB e HM deve ser considerada entre os indivíduos com pressão domiciliar elevada em regiões mais quentes e indivíduos com normalidade da pressão domiciliar em regiões mais frias, respectivamente. Dada a disponibilidade limitada de medições de PA fora do consultório, incorporar dados de temperatura ambiente pode ajudar a melhorar o diagnóstico dos fenótipos da PA.
Em segundo lugar, as maiores taxas de HM e HS em cidades mais frias levanta a idéia de que a temperatura ambiente deve ser considerada no formulação de políticas públicas de prevenção e controle de hipertensão, dado o elevado risco cardiovascular desses fenótipos.
Em terceiro lugar, em ensaios clínicos randomizados multicêntricos, a temperatura ambiente pode emergir como uma causa potencial de diferença de pressão dentro e fora do consultório, servindo como um fator de confusão que pode afetar o impacto das estratégias de intervenção sobre a PA, especialmente fora do consultório, em diferentes regiões geográficas. Por outro lado, uma explicação potencial pela qual a pressão domiciliar diminui mais do que a pressão no consultório em temperaturas quentes poderia ser que as casas brasileiras geralmente não têm instalação de sistemas de ar condicionado e, portanto, pode experimentar temperaturas mais altas do que no escritório.
Em conclusão, nossos dados indicam que a temperatura ambiente está diretamente associado a HAB e inversamente relacionada à HM, sugerindo a necessidade de considerar a temperatura ambiente ao avaliar e tratar a hipertensão com base em medições de PA dentro e fora do consultório.’’
Acesse o estudo na íntegra em https://doi.org/10.1093/eurjpc/zwad387 .

Dr. Elder Gil
Cardiologista, idealizador e coordenador do teleHA
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